Deixe seu recado aqui!

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Sinto-te no pulsar de cada verso desta vida vã
sem o calor de tua força a bombear a poesia
que flui em minhas veias.
Constante como as batidas do meu coração
é a lembrança do teu carinhoso sorriso e do teu olhar
que eternizam os instantes do meu ser.
Respiro-te oxigênio de minha existência
Enches meu peito de sentidos
que não consigo lhe expressar.
Amo-te
como a palavra
que torna suportável as minhas dores.
Desejo-te como se nada mais houvesse
além dos momentos que sonho ousá-los
viver em tua companhia
Vejo-me despindo-te do medo da entrega
e gozando nossos transitórios dias.



sábado, 22 de setembro de 2007




meu céu
sua boca jorro mel
porra louca

Ela era linda e loira
e me visitava às tardes.
Fumava maconha
contra a minha vontade.

E eu, careta,
chapava.

Era só larica,
na sua malícia,
irracional
idade.

Vozes


aos gritos
antegozava

(gata) gemia
em jatos

e

aos pulos
jorrava
sussurros
rápidos


Noite branca

insônia sem seu corpo
desejo no vazio
frio e chuvoso

hora tanta larga e lenta
sem sono sem movimento

só um som se inicia nesse suspiro
imagem insidiosa e incendiária
esses "ésses" se insinuando
na memória das suas curvas
no sonho silêncio dos seus seios

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Resposta ao poeta

Quero ser teu sonho
e neste sonho
quero que me sondes
e encontre em meu corpo
todas as possibilidades
de desejo e sonho
Quero fazer-te suar
e de prazer soarmos
fugirmos de tudo
E ao nos amarmos
irmos além, além do que
somos e sonhamos.
Teu olhar me desnuda
diante dele
sinto-me nua
nua e frágil
como a lua
Por isso entrego-me
de forma plena
e inconseqüente
Não há lucidez em meus atos
quando estou perto de ti
Por isso tenho medo
medo do que sinto
medo de você.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Se futuca o dedo (Mote de Chico Simões)

Se futuca o dedo a bunda alheia,
essa pode sentir-se penetrada
por algo não costumeiro
a natureza glutanea.

Se futuca o dedo a bunda alheia,
dá margem ao descobrimento do próprio rabo,
e tendo em vista que: quem com ferro fere
com ferro será ferido, de fato
esse perigo é constante.

Se futuca o dedo a bunda alheia,
deixa-se a trave no próprio olho (seja qual for),
para tirar a do alheio, que nem sempre
é de fato tão passivo.

Se futuca o dedo a bunda alheia,
deve-se sobretudo lembrar que o ativo
futucador de hoje pode ser passivamente
o alheio de outrora.

Ca - be - lu - da

A perna cabeluda
A mentira cabeluda
A vida
(Inda bem!)
Cabeluda!
Ofereço-te meu olhar
que já definiste
como malvado
malvado és tu!
que me fascinas
me envolves
me provocas
que desmoronaste
meu mundo
e agora quando
o reconstruo
tentas novamente
E ainda te ofereço
meu olhar...
ilucidez
confusão
Meu olhar é do de quem
sonha, ama
ama a tudo que é belo
ama a palavra
ama a tua palavra
ama e sonha.

Poemasoch


Mesmo que me negues
a umedecida boca
ainda sim te amo

Mesmo que me traias
na espiral do fumo
ainda sim te amo

Mesmo que me subjugues
às pálpebras da noite
ainda sim te amo

Mesmo que me açoites
com teu carinho de relva
ainda sim te amo

Mesmo que me silencies
com tua saliva rubra
ainda sim te amo

Mesmo que me afastes
e mansamente me rejeites
ainda sim te amo

Amo-te assim e ainda
desconcertado fico e te amo
Entre a palavra e o gesto
(no previsível canto da solidão)
resta o ato em que me completo:
porto oportuno do gozo
ferrão de vespa na pele da paixão

Canção para alaúde em louvor aos impulsos fesceninos


Mansa malícia
aliciando o lance
nos olhos de lince.
O salto molhado
do olhar de faísca
chispa em topázio:
felina feliz
no facho da lua
na festa noturna
o gosto maduro
de fruto e de fera.

(Li se valia esse laço
na poeira das estrelas
pelos desertos da noite)

Laila Laila
lambe lépida e leve
essa lassa solidão:
uma noite na casbá
um aniz em cada bar
me orientam para mil
histórias de amêndoas.

Doce delícia secreta
veneno manso amaciando
meu coração ametista

Tomara que Tâmara
tomada de transe
dispa suas vestes
- palmeira de Tânger -
sem falsa miragem
na paz desse oásis

Fragmento Erótico

Clique na imagem

Primícias

Clique na imagem

Curta Pavana

Clique na imagem

Ars Poética


Clique na imagem

Haicai - Anibal Beça


Beijo Eterno


Quero um beijo sem fim,

Que dure a vida inteira e aplaque o meu desejo!

Ferve-me o sangue. Acalma-o com teu beijo,

Beija-me assim!

O ouvido fecha ao rumor

Do mundo, e beija-me, querida!

Vive só para mim, só para a minha vida,

Só para o meu amor!


Fora, repouse em paz

Dormida em calmo sono a calma natureza,

Ou se debata, das tormentas presa,

-Beija inda mais!

E, enquanto o brando calor

Sinto em meu peito de teu seio,

Nossas bocas febris se unam com o mesmo anseio,

Com o mesmo ardente amor!


De arrebol a arrebol,

Vão-se os dias sem conto! e as noites, como os dias,

Sem conto vão-se, cálidas ou frias!

Rutile o sol

Esplêndido e abrasador!

No alto as estrelas coruscantes,

Tauxiando os largos céus, brilhem como diamantes!

Brilhe aqui dentro o amor!


Suceda a treva à luz!

Vele a noite de crepe a curva do horizonte;

Em véus de opala a madrugada aponte

Nos céus azuis,

E Vênus, como uma flor,

Brilhe, a sorrir, do ocaso à porta,

Brilhe à porta do Oriente! A treva e a luz - que importa?

Só nos importa o amor!


Raive o sol no Verão!

Venha o Outono! do Inverno os frígidos vapores

Toldem o céu! das aves e das flores

Venha a estação!

Que nos importa o esplendor

Da primavera, e o firmamento

Limpo, e o sol cintilante, e a neve, e a chuva, e o vento?

- Beijemo-nos, amor!


Beijemo-nos! que o mar

Nossos beijos ouvindo, em pasmo a voz levante!

E cante o sol! a ave desperte e cante!

Cante o luar,

Cheio de um novo fulgor!

Cante a amplidão! cante a floresta!

E a natureza toda, em delirante festa,

Cante, cante este amor!


Rasgue-se, à noite, o véu

Das neblinas, e o vento inquira o monte e o vale:

"Quem canta assim?" E uma áurea estrela fale

Do alto do céu

Ao mar, presa de pavor:

"Que agitação estranha é aquela?

"E o mar adoce a voz, e à curiosa estrela

Responda que é o amor!


E a ave, ao sol da manhã,

Também, a asa vibrando, à estrela que palpita

Responda, ao vê-la desmaiada e aflita:

"Que beijo, irmã!

Pudesses ver com que ardor

Eles se beijam loucamente!

"E inveje-nos a estrela... - e apague o olhar dormente,
Morta, morta de amor!..


Diz tua boca: "Vem!"

"Inda mais!", diz a minha, a soluçar... Exclama

Todo o meu corpo que o teu corpo chama:

"Morde também!"

Ai! morde! que doce é a dor

Que me entra as carnes, e as tortura!

Beija mais! morde mais! que eu morra de ventura,

Morto por teu amor!


Quero um beijo sem fim,

Que dure a vida inteira e aplaque o meu desejo!

Ferve-me o sangue: acalma-o com teu beijo!

Beija-me assim!

O ouvido fecha ao rumor

Do mundo, e beija-me, querida!

Vive só para mim, só para a minha vida,

Só para o meu amor!

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Poema Erótico



Teu corpo claro e perfeito,
- Teu corpo de maravilha
Quero possuí-lo no leito
Estreito da redondilha...

Teu corpo é tudo o que cheira...
Rosa... flor de laranjeira...
Teu corpo branco e macio
É como um véu de noivado...

Teu corpo é pomo doirado...
Rosal queimado do estio,
Desfalecido em perfume...
Teu corpo é a brasa do lume...

Teu corpo é chama e flameja
Como à tarde os horizontes...
É puro como nas fontes
A água clara que serpeja,
Que em cantigas se derrama...
Volúpia de água e da chama...

A todo momento o vejo...
Teu corpo... a única ilha
No oceano do meu desejo...

Teu corpo é tudo o que brilha,
Teu corpo é tudo o que cheira...
Rosa, flor de laranjeira...
Manuel Bandeira

...

TEVE O POETA NOTICIA, QUE SEBASTIÃO DA ROCHA PITTA
SENDO RAPAZ, SE ESTRAGAVA COM BRITES.

Brás pastor inda donzelo,
querendo descabaçar-se,
viu Betica a recrear-se
vinda ao prado de amarelo:
e tendo duro o pinguelo,
foi lho metendo já nu,
fossando como Tatu:
gritou Brites, inda bem,
que tudo sofre, quem tem
rachadura junto ao cu.

Delirios


Nua, mas para o amor não cabe o pejo
Na minha a sua boca eu comprimia.
E, em frêmitos carnais, ela dizia:
- Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!

Na inconsciência bruta do meu desejo
Fremente, a minha boca obedecia,
E os seus seios, tão rígidos mordia,
Fazendo-a arrepiar em doce arpejo.

Em suspiros de gozos infinitos
Disse-me ela, ainda quase em grito:
- Mais abaixo, meu bem! - num frenesi.

No seu ventre pousei a minha boca,
- Mais abaixo, meu bem! - disse ela, louca,
Moralistas, perdoai! Obedeci…
Olavo Bilac

Clandestino

O riso do menino que nem nasce e chora
Apavora como a xota da órfã anã
Maior que o plenário da ONU
E a lágrima do grão-mestre da Ku-klux-klan

Klaxon, vá, vá, vá
Vá filosofia vã

Qual o clã deste menino clandestino, qual o clã?

Klaxon, vá, vá, vá... vá filosofia

O riso do menino que nem nasce e chora
Apavora como a xota da órfã anã
Maior que o plenário da ONU
E a lágrima do grão-mestre da Ku-klux-klan

Klaxon, vá, vá, vá
Vá filosofia vã

Qual o clã deste menino clandestino, qual o clã?

Klaxon, vá, vá, vá... vá filosofia

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Amar!

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui...além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente
Amar!Amar!E não amar ninguém!

Recordar?Esquecer?Indiferente!...
Prender ou desprender?É mal?É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó,cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...

Sexta-feira à noite

Sexta-feira à noite
os homens acariciam o clitóris das esposas
com dedos molhados de saliva.
O mesmo gesto com que todos os dias
contam dinheiro papéis documentos
e folheiam nas revistas
a vida dos seus ídolos.

Sexta-feira à noite
os homens penetram suas esposas
com tédio e pênis.
O mesmo tédio com que todos os dias
enfiam o carro na garagem
o dedo no nariz
e metem a mão no bolso
para coçar o saco.

Sexta-feira à noite
os homens ressonam de borco
enquanto as mulheres no escuro
encaram seu destino
e sonham com o príncipe encantado.

Amor ao meio-dia

O sol
no pau
a pique.
A sombra
da vulva telha-vã.

Pica-Flor

A uma freira que satirizando a delgada
fisionomia do poeta lhe chamou "Pica-Flor".

Se Pica-Flor me chamais,
Pica-Flor aceito ser,
Mas resta agora saber,
Se no nome que me dais,
Meteia a flor que guardais
No passarinho melhor!
Se me dais este favor,
Sendo só de mim o Pica,
E o mais vosso, claro fica,
Que fico então Pica-Flor.

Gozo

Viro, reviro,
Revido.
Torço
Abraço
Atiro
Me afasto.
Grito
Afago
Aninho.
Me deito
Te agarro
Nos mordemos
Nos amamos.
Num impulso
te expulso.
Me seguras,
Penetras,
Me apertas
Te enlouqueço
Gozamos.
Eita, doidera boa!

Xiri, prexeca, aranha quanto nome a brecha tem

Glosa:
Vagina, papuda, greta,
xanha, lasca, racha e fruta,
tabaco, chibiu e gruta,
fenda, bainha e buceta,
desejada, cara-preta,
e bacurinha também
é vizinha do sedém
talho, pipiu e xiranha,
XIRI, PERERECA, ARANHA
QUANTO NOME A BRECHA TEM.

João doido, cacete, rolatudo é nome do caralho

Glosa:
Peia, cipó, mandioca,
carabina, prego e talo,
estaca, pica, badalo,
sarrafo, pomba, biloca,
pinto, manjuba, piroca,
vergalhão, também mangalho,
lingüiça, cajado, malho,
nervo, trabuco, bilola,
JOÃO DOIDO, CACETE, ROLA...
TUDO É NOME DO CARALHO.

Uma boceta molhada e uma pica bem dura

Glosa:
Tem coisas que só da certo
quando encontra companhia
um cego sem ter seu guia
só anda por rumo incerto
um camelo sem deserto
é uma fraca figura
pra vida ter mais doçura
a dupla mais indicada
É UMA BOCETA MOLHADA
E UMA PICA BEM DURA.

Boceta


da entrada à entranha
dessa eterna
morada
da morte diária
molhada
de mim
desde dentro
o tempo
acaba

entre lábio e lábio
de mucosa rósea
que abro
e me abra
ça a cabe
ça o tronco
o membro
acaba o tempo

Esse disforme e rígido porraz

Esse disforme e rígido porraz
Do semblante me faz perder a cor;
E assombrado d'espanto e de terror
Dar mais de cinco passos para trás;

A espada do membrudo Ferrabraz
Decerto não metia mais horror:
Esse membro é capaz até de pôr
A amotinada Europa toda em paz

Creio que nas fodais recreações
Não te hão-de a rija máquina sofre
Os mais corridos, sórdidos cações:

De Vénus não desfrutas o prazer:
Que esse monstro, que alojas nos calções
É porra para mostrar, não de foder.

Cor-respondência

Remeta-me os dedos
em vez de cartas de amor
que nunca escreves
que nunca recebo.
Passeiam em mim estas tardes
que parecem repetir
o amor bem feito
que voce tinha mania de fazer comigo.
Não sei amigo
se era o seu jeito
ou de propósito
mas era bom, sempre bom
e assanhava as tardes.
Refaça o verso
que mantinha sempre tesa
a minha rima
firme
confirme
o ardor dessas jorradas
de versos que nos bolinaram os dois
a dois.
Pense em mim
e me visite no correio
de pombos onde a gente se confunde
Repito:
Se meta na minha vida
outra vez meta
Remeta.

Aquele outro não via...

Aquele Outro não via minha muita amplidão
Nada LHE bastava. Nem ígneas cantigas.
E agora vã, te pareço soberba, magnífica
E fodes como quem morre a última conquista
E ardes como desejei arder de santidade.
(E há luz na tua carne e tu palpitas.)

Ah, por que me vejo vasta e inflexível
Desejando um desejo vizinhante
De uma Fome irada e obsessiva?

Realidade

Em ti o meu olhar fez-se alvorada
E a minha voz fez-se gorgeio de ninho...
E a minha rubra boca apaixonada
Teve a frescura pálida do linho...

Embriagou-me o teu beijo como um vinho
Fulvo de Espanha, em taça cinzelada...
E a minha cabeleireira desatada
Pôs a teus pés a sombra dum caminho...

Minhas pálpebras são cor de verbena,
Eu tenho os olhos garços, sou morena,
E para te encontrar foi que eu nasci...

Tens sido vida fora o meu desejo
E agora, que te falo, que te vejo,
Não sei se te encontrei... se te perdi...

Charneca em flor

Enche o meu peito, num encanto mago,
O frémito das coisas dolorosas...
Sob as urzes queimadas nascem rosas...
Nos meus olhos as lágrimas apago...

Anseio! Asas abertas! O que trago
Em mim? Eu oiço bocas silenciosas
Murmurar-me as palavras misteriosas
Que perturbam meu ser como um afago!

E, nesta febre ansiosa que me invade,
Dispo a minha mortalha, o meu burel,
E já não sou, Amor, Soror Saudade...

Olhos a arder em êxtases de amor,
Boca a saber a sol, a fruto, a mel:
Sou a charneca rude a abrir em flor

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...

sábado, 1 de setembro de 2007